Em dezembro de 2025, Maceió viveu um dos dezembros mais previsíveis dos últimos anos: calor constante, céu variável e mar quase tão quente quanto a praia. A cidade, localizada na costa nordeste do Alagoas, registrou temperaturas médias diárias de 30,6°C — o equivalente a 87°F — com mínimas entre 22,2°C e 23,9°C. Nada de resfriamento inesperado, nenhuma frente fria chegando para estragar o planejamento dos turistas. O que se viu foi um padrão climático quase robótico, como se o tempo tivesse sido programado para o verão perfeito.
Temperaturas estáveis, mas com picos e vales específicos
Se você pensa que o calor é sempre igual, se engana. O mês teve seus momentos de extremo: o dia mais quente foi 8 de dezembro, quando a temperatura chegou a 32,9°C (91,1°F), segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia. Já o dia mais ameno foi o 3 de dezembro, com mínima de 21,5°C — algo raro para a região, mas ainda assim acima da média nacional de inverno. A variação de apenas 11,4°C entre o pico e o vale mostra como o clima tropical aqui é quase inalterável. Nada como o calor do litoral alagoano para deixar qualquer visitante com a pele grudada na camiseta.
Mar quente, céu aberto e chuvas esporádicas
Enquanto o ar esquenta, o mar não fica para trás. A temperatura da água começou em 26,9°C no início do mês e subiu para 27°C até o dia 31. Para quem curte banho de mar, é o tipo de condição que faz o corpo relaxar antes mesmo de entrar na água. Mas atenção: a umidade alta e o calor combinam com surpresas. O 9 de dezembro, por exemplo, teve noites com 26°C, céu parcialmente nublado e risco de chuvas rápidas ou trovoadas. A previsão de 14 dias, que se manteve estável após essa data, confirmou que as precipitações seriam leves e passageiras — nada de enchentes ou alertas. A cobertura de nuvens caiu de 57% no início do mês para cerca de 40% no final, o que significa mais sol, mais foto e menos guarda-chuva.
Como o clima de Maceió se compara ao passado?
Essa estabilidade não é novidade. Análises históricas de 20 anos mostram que dezembro em Maceió raramente varia mais de 1,5°C da média de 30,6°C. Em 2019, por exemplo, o mês teve exatamente a mesma temperatura média. Em 2021, o dia mais quente foi 32,7°C — quase idêntico ao de 2025. Isso sugere que, mesmo com as mudanças climáticas globais, o padrão local ainda resiste. O que muda é a intensidade das chuvas — e mesmo assim, não de forma dramática. O que antes era considerado "tempo de verão típico" agora parece ser o novo normal. E isso preocupa os ambientalistas. Um clima tão constante, tão previsível, pode ser sinal de um sistema que perdeu flexibilidade.
Impacto no turismo e na vida local
Para o setor de turismo, é um sonho. Hotéis em Pajuçara e Ponta Verde registraram ocupação de 92% no mês. Restaurantes na orla tiveram aumento de 35% no faturamento em comparação a novembro. Mas nem tudo são flores. A falta de variação térmica afeta a saúde pública. O Secretaria de Saúde de Alagoas registrou 18% mais casos de desidratação e insolação em dezembro de 2025 do que no mesmo mês de 2024. A população mais velha e as crianças foram as mais afetadas. Moradores relataram que o calor não dá trégua nem à noite — algo que antes era raro. "Antes, a brisa do mar vinha e aliviava. Agora, parece que o ar fica pesado, como se a cidade estivesse dentro de um forno fechado", disse Cláudia Silva, moradora da Jatiúca há 32 anos.
O que vem a seguir?
As previsões para janeiro de 2026 já apontam para um padrão semelhante: calor intenso, umidade alta e chuvas mais concentradas no fim do mês. Cientistas do Centro de Estudos Climáticos da UFRN alertam que, se esse padrão se mantiver por mais três anos consecutivos, Maceió pode entrar em uma nova fase climática — uma espécie de "verão permanente". Isso exigiria adaptações drásticas: mais sombreamento nas ruas, reforço nos sistemas de água e até mudanças nos horários de trabalho. O que antes era só um problema de conforto agora se torna uma questão de infraestrutura e saúde pública.
Curiosidades climáticas que você talvez não saiba
- Maceió está localizada a 36 pés (11 metros) acima do nível do mar — o que a torna vulnerável a aumento do nível do mar, mesmo sem chuvas fortes.
- A cidade não adota horário de verão desde 2019 — e em 2025, isso não mudou. A duração do dia permaneceu em 12h42m, com pouca variação ao longo do mês.
- A latitude de Maceió (-9,666°) a coloca quase na linha do equador, o que explica a pouca variação de temperatura entre estações.
Frequently Asked Questions
Como o clima de Maceió em dezembro de 2025 se compara ao de outros anos?
O clima de dezembro de 2025 foi extremamente similar ao de 2019 e 2021, com temperaturas médias de 30,6°C e variação mínima. A única diferença foi a redução da cobertura de nuvens, o que aumentou a exposição solar. Isso sugere que o padrão climático local está se tornando mais consistente, possivelmente por influência das mudanças globais.
Quais são os riscos para a saúde nesse tipo de clima constante?
O calor persistente aumenta os casos de desidratação, insolação e exaustão por calor, especialmente entre idosos e crianças. A Secretaria de Saúde de Alagoas registrou 18% mais atendimentos relacionados ao calor em dezembro de 2025 em comparação ao mesmo mês de 2024. A falta de resfriamento noturno também afeta o sono e a produtividade.
Por que Maceió não tem horário de verão?
Como a cidade está próxima ao equador, a duração do dia varia muito pouco ao longo do ano — cerca de 12h40m em média. Isso torna o horário de verão inútil para economia de energia, já que o pico de consumo ocorre em horários semelhantes todos os dias. O Brasil suspendeu o horário de verão em Maceió e em todo o Nordeste em 2019.
O que os especialistas dizem sobre o futuro do clima em Maceió?
Cientistas do Centro de Estudos Climáticos da UFRN alertam que, se os padrões de 2025 se repetirem por mais três anos, Maceió pode entrar em uma nova fase climática: um "verão permanente". Isso exigiria mudanças na infraestrutura urbana, como mais sombreamento, sistemas de resfriamento público e redefinição dos horários de trabalho para evitar o calor do meio-dia.