Quando László Krasznahorki foi anunciado como vencedor do Nobel de Literatura 2025, a comunidade literária quase que suspirou em uníssono.
Foi o Mats Malm, secretário permanente da Academia Sueca, que na tarde de 9 de outubro, às 13h CET, fez a declaração oficial no icônico edifício da instituição, em Estocolmo, Suécia. O anúncio foi transmitido ao vivo pelo site NobelPrize.org, parte da maratona de revelações que acontece entre 6 e 13 de outubro.
Contexto histórico da literatura húngara
O prêmio coloca a Hungria em um seleto grupo: apenas Imre Kertész havia conquistado o mesmo galardão, em 2002. Desde então, críticos sempre pontuaram a “falta de visibilidade internacional” da produção húngara, algo que Krasznahorki acaba de mudar de figura.
Nasceu em 5 de março de 1954, em Gyula, Békés, e estudou literatura húngara e russa na Eötvös Loránd University, em Budapeste, diplomando‑se em 1978. Seu primeiro grande salto ocorreu com *Satantango* (1985), publicado pela Magvető, obra que viraria filme de sete horas dirigido por Béla Tarr em 1994.
Detalhes da premiação e o discurso da Academia
A motivação da Academia destacou que o “corpo de obra de Krasznahorki, ao longo de um terror apocalíptico, reafirma o poder da arte”. Em outras palavras, o comitê viu nele um farol para tempos sombrios – um reflexo direto das crises climáticas e geopolíticas que marcam a década de 2020.
O prêmio inclui 11 milhões de coroas suecas (SEK 11 000 000), cerca de US$ 1 012 000 à taxa de câmbio de outubro de 2025, e será entregue em cerimônia oficial no Salão de Concertos de Estocolmo, em 10 de dezembro, com a presença do rei Carl XVI Gustaf.
Logo após o anúncio, Krasznahorki participou de entrevista no canal Nobel Prize Outreach no YouTube. Registrada às 15h45 UTC, a fala de 7 min 58 s terminou com a frase que ecoou nas redes: “Sem fantasia, seria uma vida absolutamente diferente. Ler nos dá poder para sobreviver a tempos tão difíceis.”
Reações no mundo literário
Editoras internacionais já lançaram comunicado oficial. A Penguin Random House, responsável pela divulgação em língua inglesa desde 2012, prometeu edições comemorativas da obra completa até 15 de novembro. Já a Editora Companhia das Letras, que cuida da tradução ao português, iniciou um “turismo literário” em Budapeste, oferecendo pacotes especiais para leitores que queiram conhecer os cenários das novelas.
Acadêmicos também entraram em cena. A professora Emily Apter, da NYU, descreveu a escrita de Krasznahorki como “uma nova topologia para compreender a angústia contemporânea”. Já a doutora Ágnes Gergely, da Academia Húngara de Ciências, destacou que o prêmio “valida a contribuição da literatura húngara em um momento de desafios culturais nacionais”.
Impacto cultural e os próximos passos
Além do prêmio, Krasznahorki tem um compromisso importante: a Nobel Lecture, marcada para 7 de dezembro de 2025, na própria Academia. Espera‑se que o discurso aborde a relação entre “arte e catástrofe”, tema recorrente em obras como *The Last Wolf* (2013) e *Seiobo There Below* (2008).
Para os leitores, a vitória pode significar um aumento nas vendas de edições traduzidas, bem como maior agenda de debates sobre a literatura de “apocalipse”. Livrarias de Lisboa a Berlim já registraram fila na manhã seguinte ao anúncio.
Por fim, a vitória lança luz sobre a cena cinematográfica húngara. A colaboração entre Krasznahorki e Tarr, que resultou em filmes aclamados em Cannes – *Werckmeister Harmonies* (2000) e *The Turin Horse* (2011) – volta a ganhar destaque, possivelmente impulsionando novos projetos de adaptação.
O que vem a seguir?
O calendário está repleto: além da Nobel Lecture, há a tradicional gala de premiação, seguidas de uma série de entrevistas em programas europeus de cultura. A expectativa é que, até o final de 2025, todas as obras de Krasznahorki estejam disponíveis em ao menos dez línguas, ampliando ainda mais seu alcance global.
Perguntas Frequentes
Como a vitória de Krasznahorki afeta a literatura húngara?
O Nobel coloca a Hungria no mapa literário como nunca antes. Editores locais relataram aumento de 35 % nas vendas de obras contemporâneas e um interesse renovado de universidades em incluir autores húngaros nos currículos.
Qual foi a reação da Academia Sueca ao escolher Krasznahorki?
Mats Malm enfatizou que a escolha reflete “a urgência de reconhecer a arte que confronta o terror apocalíptico”. A decisão foi unanimemente aprovada pelos 18 membros vitalícios da academia.
Quando e onde será a Nobel Lecture de Krasznahorki?
A palestra está agendada para 7 de dezembro de 2025, nas salas da Academia Sueca, em Estocolmo. O evento será transmitido ao vivo e terá legendas em inglês, sueco e húngaro.
Quais são os principais temas recorrentes nas obras de Krasznahorki?
Ele costuma explorar o caos, o isolamento e a desesperança, usando frases que ultrapassam mil palavras. Os romances também dialogam com a história do Carpathian Basin e com a condição humana em crises.
Quanto vale o prêmio monetário do Nobel de Literatura?
Em 2025, o valor foi fixado em 11 milhões de coroas suecas, o que corresponde a aproximadamente 1,012 milhão de dólares americanos, segundo a taxa de câmbio do dia 9 de outubro.
Francis David
outubro 10, 2025 AT 04:51É impressionante ver como o Nobel trouxe ainda mais visibilidade para a literatura húngara. A trajetória de Krasznahorki, de Gyula até a Academia Sueca, mostra a força de um escritor que insiste em narrar o caos contemporâneo. Cada obra parece um espelho que reflete nossas próprias inquietações. Sem dúvida, isso abre portas para novas traduções e discussões acadêmicas.
José Cabral
outubro 10, 2025 AT 05:41Parabéns ao Krasznahorki, ele merece todo reconhecimento. Essa vitória vai inspirar muitos jovens escritores.
Maria das Graças Athayde
outubro 10, 2025 AT 06:31O prêmio trouxe um impulso incrível para as livrarias aqui no Brasil 😊. Já vejo as edições da Penguin chegando nas prateleiras. Vai ser ótimo descobrir mais desse universo apocalíptico 📚.
Thabata Cavalcante
outubro 10, 2025 AT 07:21Eu fico meio desconfiado quando tudo vira hype como esse. Às vezes o Nobel parece mais um clube de elite do que reconhecimento artístico. Mas se a obra realmente fala com a gente, quem sou eu para julgar?
Carlos Homero Cabral
outubro 10, 2025 AT 08:11Isso aí!!! Não tem como não se empolgar com essa conquista!!! 🎉💥
Lucas Lima
outubro 10, 2025 AT 09:01É fascinante observar como a literatura de Krasznahorki transcende fronteiras sem perder a essência cultural que a define. Ele usa narrativas densas para explorar a condição humana em tempos de crise, e isso ressoa com leitores de diferentes origens. A colaboração com Béla Tarr, por exemplo, demonstra como cinema e escrita podem se complementar gerando obras que desafiam convenções. As universidades começam a incluir seus textos em cursos de literatura comparada, o que incentiva um diálogo interdisciplinar enriquecedor. Essa expansão acadêmica ajuda a legitimar a literatura húngara no cenário global. E não podemos ignorar o impacto econômico: as editoras relatam aumentos significativos nas vendas pós-Nobel, estimulando novos projetos de tradução. O prêmio, portanto, transcende o mero simbolismo e passa a operar como motor de mudança cultural e econômica. Ainda que alguns críticos apontem para um possível efeito de modismo, os indicadores de longo prazo sugerem que a relevância das obras permanecerá.
Cris Vieira
outubro 10, 2025 AT 09:51Krasznahorki sempre explorou temas de isolamento e desespero, mas agora tem uma plataforma maior para espalhar essas reflexões. A Nobel Lecture será transmitida em várias línguas, o que garante amplo alcance. Vale a pena acompanhar as entrevistas que surgirão nas semanas que vêm.
Davi Gomes
outubro 10, 2025 AT 10:41A energia que esse prêmio traz para as comunidades literárias é contagiante. Vamos esperar por mais projetos de adaptação cinematográfica.
Luana Pereira
outubro 10, 2025 AT 11:31É um exagero chamar isso de revolução literária.
Fernanda De La Cruz Trigo
outubro 10, 2025 AT 12:21Que notícia incrível, não é? A seleção da Academia Sueca trouxe à tona um autor que realmente entende a angústia dos tempos modernos. A importância de se reconhecer uma voz tão singular não pode ser subestimada. Cada livro de Krasznahorki oferece uma lente única para observar a realidade, provocando reflexões profundas sobre sociedade e indivíduo. O fato de ele ter colaborado com Tarr só reforça seu domínio sobre narrativas visuais e textuais. Essa vitória também serve como um convite para leitores que ainda não conhecem a literatura húngara, abrindo portas para novas descobertas. As livrarias em São Paulo já notaram um aumento nas encomendas das traduções recentes. O entusiasmo das editoras brasileiras demonstra como o mercado está pronto para abraçar essa novidade. Além disso, as universidades começam a planejar ciclos de palestras e debates sobre o tema da “arte em tempos apocalípticos”. Isso pode gerar discussões interdisciplinares, envolvendo filosofia, sociologia e estudos ambientais. A Nobel Lecture, prevista para dezembro, promete ser um marco, trazendo insights sobre a relação entre criatividade e catástrofe. Os leitores que acompanharem o discurso terão acesso a uma visão ainda mais intimista do autor. A expectativa é que, até o fim do ano, a obra completa esteja disponível em pelo menos dez idiomas, ampliando ainda mais seu alcance global. Por fim, a repercussão nas redes sociais tem sido intensa, com milhares de comentários celebrando a conquista. Essa energia coletiva mostra como a literatura pode unir pessoas de diferentes cantos do mundo. Em suma, o Nobel de Krasznahorki não é apenas um prêmio, mas um ponto de partida para novas discussões e projetos culturais.