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Copa Libertadores 2025: River Plate elimina o Libertad nos pênaltis e vai às quartas

Copa Libertadores 2025: River Plate elimina o Libertad nos pênaltis e vai às quartas
vitor augusto 22 ago 2025 0 Comentários Esportes

Mais de 80 mil pessoas prenderam a respiração no Más Monumental antes da última cobrança. Quando a bola beijou a rede, a avalanche vermelha explodiu de alívio e euforia: o River Plate está nas quartas de final da Copa Libertadores 2025. Depois de um 0 a 0 em Assunção, o time argentino venceu o Libertad nos pênaltis por 3 a 1, nesta sexta-feira (22), em Buenos Aires, após novo empate por 1 a 1 no tempo normal. Foi a síntese de um confronto duro, equilibrado e com cara de mata-mata sul-americano.

O roteiro teve todos os ingredientes clássicos: pressão de mandante, resposta imediata do visitante, nervos à flor da pele e goleiros exigidos em momentos-chave. O River, empurrado por um estádio lotado e renovado, abriu o placar com Sebastián Driussi aos 29 minutos. O Libertad, frio e organizado, não se abalou e buscou o empate aos 43, com Robert Rojas, eleito o melhor em campo mesmo na derrota paraguaia. Como o regulamento da Conmebol não prevê gol qualificado e tampouco prorrogação nesta fase, a decisão foi direto para as penalidades. Aí pesou a camisa e a cabeça: os argentinos foram mais precisos.

Como foi o jogo

A volta em Buenos Aires começou com o River tentando acelerar o jogo pelos lados e empurrar o Libertad para trás. A equipe paraguaia não se intimidou: manteve linhas compactas, fez o tempo passar quando precisava e ameaçou nos contra-ataques. O primeiro gol saiu quando o duelo parecia travado. Driussi, em noite de protagonista, apareceu dentro da área e bateu firme, sem chances para o goleiro, aos 29 minutos. O Monumental veio abaixo. A sensação era de que o River tinha aberto a comporta.

Não durou muito. O Libertad reagiu ainda no primeiro tempo. Aos 43, Robert Rojas apareceu como elemento-surpresa, finalizou com categoria e silencou parte do estádio por alguns segundos. O zagueiro paraguaio, seguro na defesa e decisivo na frente, já ganhava pontos para ser o nome da partida. O intervalo veio com a temperatura do jogo lá em cima e a série de oitavas completamente aberta.

No segundo tempo, o River aumentou a posse, rodou a bola e tentou atrair o Libertad para o erro. Faltou transformar volume em chances claras. A equipe visitante seguiu fiel ao plano: fechou a grande área, encurtou os espaços e esperou a brecha para o golpe. Em jogos assim, detalhes pesam. Um desvio, uma tomada de decisão, um pé salvador. Os goleiros apareceram bem quando exigidos, e a arbitragem controlou as tensões sem grandes polêmicas.

Sem gol fora e sem prorrogação nesta fase do torneio, a conta era simples: depois de 180 minutos e apenas dois gols somados, os pênaltis definiriam o classificado. O River foi mais frio na marca da cal, converteu três cobranças e contou com falhas do Libertad, que parou no goleiro e viu outra batida sair sem a direção ideal. Em mata-mata sul-americano, a diferença mental entre segurar o pé e bater a meia altura decide muita coisa. Em Buenos Aires, decidiu.

Alguns lances que contaram a história da noite:

  • 29’ do 1º tempo — Driussi abre o placar para o River e transforma pressão em vantagem.
  • 43’ do 1º tempo — Rojas empata para o Libertad e muda o humor do estádio antes do intervalo.
  • 2º tempo — River com mais bola, Libertad sólido sem ela; chances escassas, jogo tenso.
  • Penalidades — 3 a 1 para o River; argentinos mais eficientes, paraguaios desperdiçam.

O resultado mantém uma sequência incômoda para o Libertad: nos últimos cinco encontros entre os clubes, são quatro vitórias do River e um empate. A leitura tática ajuda a explicar. O time argentino costuma se sentir confortável ao controlar o ritmo e forçar o erro na saída de bola adversária. O Libertad, por sua vez, é competitivo, físico, bom no duelo direto, mas precisa ser mais agressivo quando precisa tirar o jogo da própria área. Em Buenos Aires, faltou empurrar a linha alguns metros à frente no segundo tempo para ameaçar mais.

Contexto recente também pesou. O River chegou ao duelo invicto nos sete jogos anteriores, com vitórias consistentes — como o 4 a 2 sobre o Godoy Cruz — e empates duros contra rivais grandes. A engrenagem vinha funcionando: defesa sólida, meio-campo com boa leitura de espaços e ataque capaz de punir em uma ou duas chegadas. O Libertad também vinha sem perder há seis partidas, mas tinha ficado dois jogos sem marcar antes dessa visita ao Monumental. Contra um adversário do tamanho do River, isso costuma cobrar a conta na precisão e na confiança.

Individualmente, Driussi foi decisivo no momento certo, e Rojas fez uma partida que mereceu o prêmio de melhor em campo: gol, liderança na zaga e leitura de jogadas. Nos pênaltis, o River mostrou repertório e calma, dois elementos que não aparecem no scout, mas contam tanto quanto chute e desarme. O Libertad sai com a sensação amarga de ter feito 180 minutos competitivos e, ainda assim, ter ficado a um detalhe da vaga.

O que vem pela frente e o peso da classificação

A vitória coloca o River nas quartas de final e mantém vivo o projeto de voltar a uma decisão continental. O clube soma quatro títulos de Libertadores (1986, 1996, 2015 e 2018) e transformou o Monumental em fortaleza após a reforma que ampliou a capacidade para acima de 80 mil lugares. A atmosfera tem sido um ativo. Em jogos grandes, a pressão ambiental empurra o time e encurta caminhos. Quem passar pela capital argentina terá de lidar com isso novamente.

O adversário das quartas sai da mesma chave do mata-mata e será confirmado conforme o calendário da Conmebol avança. O recado do River, independentemente de quem vier, está dado: a equipe sabe sofrer, consegue controlar jogos longos e tem jogadores capazes de decidir. Em torneios eliminatórios, essa combinação não é luxo — é quase pré-requisito.

Para o Libertad, a eliminação não apaga uma campanha sólida. O time paraguaio chegou maduro às oitavas, mostrou organização coletiva e competição alta em dois ambientes hostis: Assunção, com a cobrança de decidir em casa no primeiro jogo, e Buenos Aires, com a pressão de um estádio que não para de cantar. Falta transformar esse pacote em contundência nos momentos-chave. O clube, que há anos figura entre os mais consistentes do Paraguai e visita com frequência as fases finais da Libertadores, segue em busca do título inédito.

Do lado de fora, a noite também contou uma história. A operação de jogo no Más Monumental funcionou sob carga máxima, com setores cheios e festa coordenada. Para quem assistiu à distância, a experiência foi ampla. A partida teve transmissão internacional, incluindo cobertura da beIN SPORTS nos Estados Unidos, o que ampliou a audiência de um duelo tradicional entre argentinos e paraguaios. É um recorte da força que a Libertadores ganhou no calendário: mais olhos, mais narrativas, maior impacto.

O calendário segue apertado. A edição de 2025 começou em 4 de fevereiro e vai até 29 de novembro, quando Lima receberá a final no Estadio Monumental. O recorte esportivo ajuda a medir o tamanho da noite em Buenos Aires: quem sobreviver agora terá pela frente o limite físico, viagens longas, gramados distintos e a necessidade de poupar sem perder o fio do jogo. Passar nos pênaltis não garante nada, claro. Mas diz muito sobre resiliência, e o River saiu do teste com a cabeça erguida.

Há também uma leitura simbólica. Em um mata-mata espremido por datas, com eliminação batendo à porta, muitas equipes desabam no nervosismo. O River não desabou. Foi eficaz no primeiro golpe, suportou a resposta do Libertad, não perdeu a forma quando o jogo ficou truncado e soube decidir na marca da cal. A frieza que falta em tantas noites apareceu na hora certa.

Para quem olha a campanha como um todo, a tendência é clara: o River cresce de acordo com o tamanho da partida. Isso não garante quartas tranquilas, longe disso. Mas ajuda a explicar por que o torcedor saiu do Monumental com a sensação de que o time está no caminho certo. A Libertadores cobra caro quem vacila, e os argentinos mostraram que, quando o relógio aperta, sabem como atravessar a tempestade.

No saldo, fica a lembrança de um duelo equilibrado, decidido por detalhes e por uma cobrança de pênalti bem batida. Fica também a imagem de Rojas, melhor em campo, saindo de cabeça erguida, e de Driussi, iluminado no momento do gol. E fica, principalmente, a mensagem de que as quartas de final prometem. O River está dentro. O Libertad pagou por uma noite menos precisa. A Libertadores segue seu curso, do jeito que ela gosta: tensa, barulhenta e imprevisível.