
STF decreta prisão de Collor: fim de uma longa batalha judicial
A notícia pegou muita gente de surpresa e reascendeu debates sobre impunidade de poderosos no Brasil. O ex-presidente Fernando Collor, de 75 anos, foi levado pela Polícia Federal em Maceió na manhã do dia 25 de abril de 2025. Ele foi preso pouco antes de embarcar para Brasília, onde pretendia se apresentar espontaneamente após ser informado da decisão. O despacho partiu do ministro Alexandre de Moraes, que não deixou margem para novos recursos depois de anos de tramitação e adiamentos.
Collor, que já foi uma das figuras mais influentes do país – como chefe de Estado e senador –, agora se encontra numa cela devido a crimes comprovados. O processo detalha que ele teria recebido R$ 20 milhões em propinas da UTC Engenharia, numa combinação clássica de troca de favores: usava seu poder político para indicar pessoas a cargos estratégicos na BR Distribuidora, empresa então instalada no centro do esquema da corrupção estatal com a Petrobras.
Operação Lava Jato: impactos além da prisão de Collor
É impossível falar da nova etapa desse escândalo sem mencionar a Lava Jato, operação que balançou estruturas políticas e empresariais em toda a América Latina. Collor não é o primeiro – e provavelmente não será o último – a ir parar atrás das grades depois dos desdobramentos desses processos. Figuras de alto escalão do PT e de outros partidos já passaram pelo mesmo caminho, incluindo o atual presidente, Lula, que também enfrentou processos judiciais ligados ao esquema.
O caso de Collor envolve uma movimentação que começou no Senado e afetou decisões em empresas estatais. Apesar de seus advogados tentarem o argumento de idade avançada e fragilidade física, Moraes manteve a linha dura: disse não haver mais como postergar a execução da sentença. Citou exemplos recentes em que a prisão imediata foi determinada para evitar manobras jurídicas que atrasam indefinidamente o cumprimento da pena. Nem mesmo o pedido por prisão domiciliar foi acolhido – o clima entre a defesa expressa choque, mas não há reação jurídica possível neste momento.
Outros nomes, como Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos e Luis Pereira Duarte de Amorim, cúmplices no mesmo esquema, tiveram penas menores, mas também deverão iniciar o cumprimento imediato. Alexandre de Moraes ainda convocou uma sessão de emergência do STF para dar respaldo formal à prisão, deixando claro que o tribunal quer evitar brechas e pressões externas. O caso, mesmo depois de tantos anos, levanta a discussão sobre como figuras históricas e ainda atuantes na vida pública podem ser responsabilizadas por seus atos sem que a idade ou o prestígio político sirvam de proteção.
O impacto extrapola Collor e seus co-réus. O processo mostra que, apesar das manobras e tentativas de retardar decisões, a justiça brasileira começa a operar de forma a reduzir a sensação de imunidade das elites políticas. Isso terá, sem dúvida, impacto nas eleições futuras e no modo como a população enxerga os limites do poder e da Justiça no país.