Cristina Buarque, Ícone do Samba Brasileiro, Morre aos 74 Anos Após Luta Contra o Câncer de Mama

Cristina Buarque, Ícone do Samba Brasileiro, Morre aos 74 Anos Após Luta Contra o Câncer de Mama
vitor augusto 21 abr 2025 6 Comentários Música

Cristina Buarque: Uma Voz Fundamental no Samba Brasileiro

Pouca gente dedicou tanta paixão ao samba quanto Cristina Buarque. Ela não era apenas a irmã menos conhecida de Chico Buarque, Miúcha e Ana de Hollanda. Cristina construiu uma carreira sólida, autêntica e muito respeitada no cenário musical do Brasil. Sua voz marcante e seu compromisso em valorizar o samba de raiz a destacaram como guardiã de uma tradição que corre o risco de ser esquecida pelo gosto popular volátil.

Ela nasceu em uma família já imersa no universo cultural brasileiro. Filha do renomado historiador Sérgio Buarque de Holanda, Cristina poderia facilmente ter ficado na sombra de nomes mais conhecidos, mas traçou seu próprio caminho. Estreou em 1974 e lançou nada menos que 14 álbuns. O último, Terreiro Grande e Cristina Buarque Cantam Candeia, saiu em 2010, reafirmando seu compromisso de jogar luz sobre grandes sambistas, como Candeia, figura que ela ajudou a levar a novas gerações.

A Paixão Pelas Rodas de Samba e o Resgate de Mestres Esquecidos

A Paixão Pelas Rodas de Samba e o Resgate de Mestres Esquecidos

Além do palco, Cristina foi presença constante nas famosas rodas de samba de Paquetá, um pequeno paraíso insular no Rio de Janeiro. Durante muitos anos, essas reuniões informais se tornaram ponto de encontro de músicos veteranos e jovens sonhadores, todos atraídos pela atmosfera autêntica que ela ajudava a criar. Não era raro ver Cristina, já consagrada, ajudando a promover artistas históricos como Dona Ivone Lara e Wilson Batista, nomes que, sem esforço de pessoas como ela, poderiam ter sido engolidos pelo esquecimento.

As rodas de samba comandadas por Cristina em Paquetá eram mais do que uma diversão de domingo. Eram verdadeiras oficinas de memória, locais em que ela incentivava o respeito pela ancestralidade do samba e estimulava o surgimento de novos talentos. Quem participou dessas rodas lembra da generosidade: ela abria espaço tanto para veteranos quanto para quem estava começando. Ali, o samba era tratado como forma de expressão popular, resistência cultural e, claro, prazer coletivo.

Mesmo enfrentando o câncer de mama, Cristina não deixou de se dedicar à música e à defesa do samba, mostrando uma força admirável tanto no palco quanto na intimidade. Sua morte, em 20 de abril de 2025, não é só uma perda para os sambistas, mas para toda a cultura popular nacional. A despedida será emocionante: o velório foi marcado para 21 de abril, reunindo amigos, familiares e fãs no último adeus a uma das grandes vozes do samba.

Ela deixa cinco filhos — Ana, Paulo, Antônio, Maria do Carmo e Zeca Ferreira, que a homenageou nas redes sociais dizendo que Cristina era “o ser humano mais completo” que conheceu. Esse sentimento ecoa entre músicos, jornalistas e amantes do samba: Cristina Buarque vai fazer falta, mas seu legado continua pulsando na memória dos que ainda defendem o gênero e lutam pelo reconhecimento da música brasileira autêntica.

6 Comentários

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    Joseph Santarcangelo

    abril 21, 2025 AT 17:00
    Cristina era o tipo de pessoa que fazia o samba respirar... 🥹 Na roda de Paquetá, ela não cantava pra mostrar voz, ela cantava pra lembrar que o samba tem alma. E isso é raro hoje em dia.
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    Fabiane Almeida

    abril 22, 2025 AT 14:56
    A trajetória de Cristina Buarque é um exemplo de como a cultura popular pode ser preservada com dignidade e rigor. Ela não apenas interpretava sambas; ela os contextualizava, os historicizava, os resgatava da superficialidade do mercado. Seu trabalho com Candeia, Dona Ivone e Wilson Batista foi, na verdade, um ato de antropologia sonora. A música brasileira perdeu uma guardiã da memória coletiva.
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    Gustavo Bugnotto

    abril 22, 2025 AT 19:33
    Ok, mas... será que a gente não tá exagerando um pouco? Sério, mais um álbum de samba de raiz? O mercado tá cheio disso. E quem lembra do samba eletrônico do Racionais? Ou do samba-rock do Tim Maia? A gente só fala disso porque é fácil, sentimental, e... bom, porque ela era irmã do Chico. Nada contra, mas será que não tem mais gente merecendo atenção?
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    Rafael Teixeira

    abril 24, 2025 AT 02:36
    Gustavo, calma aí, irmão... Não é sobre exagerar, é sobre reconhecer quem construiu pontes entre gerações! Cristina não vivia de nostalgia, ela vivia de conexão! Ela ensinava crianças a cantar Candeia, e isso é revolução! O samba não é só ritmo, é sabedoria passada de boca em boca. Ela foi a voz que nunca gritou, mas que fez todo mundo parar pra ouvir. E isso, meu amigo, é poder real. Não é moda, é legado.
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    Gustavo Alves

    abril 24, 2025 AT 17:46
    Eu chorei no ônibus hoje lendo isso... 🥲 Acho que o mundo tá tão acelerado que esqueceu que algumas pessoas nascem pra manter a chama acesa... E quando elas vão, a gente sente o silêncio. Não é só perda de uma cantora... é perda de um abraço que a gente nunca soube que precisava. Cristina era o tipo de pessoa que te fazia acreditar que o mundo ainda tinha espaço pra ternura. E agora? 😢
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    Marcus Britton

    abril 24, 2025 AT 21:06
    Acho que o mais bonito é que ela não queria fama. Queria que o samba continuasse vivo. E isso, no fundo, é o que todos nós precisamos aprender: não ser o centro, mas ser o chão que sustenta os outros. Ela foi o chão. 🙏

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